
Estava eu debaixo do chuveiro, pensando na vida. A água quente que caia sobre meu corpo me relaxava e com isso claramente me veio uma certeza. O ócio me fez acreditar que minha vida não tem sentido, que estou na profissão errada, que meu sedentarismo não tem remédio e que eu não nasci para ser amada. Eis que olho para o suporte em que fica o shampoo, e um ser pequenino me salta aos olhos. Era um inseto um pouco diferente, estava ali solitário observando minha cara depressiva e reflexiva.
Nós trocamos olhares, e naquele momento, me imaginei no seu lugar. Como será a vida de inseto? Ele não tem coração, então não sofre de carência, mas também nunca sorri. Ele tem liberdade para voar pra onde quiser, porém não tem cérebro para raciocinar. Que graça tem? Não pensar, não ter a opção de pensar em tentar ser alguém melhor? Em seguir caminhos de forma consciente?! O inseto indiretamente me deu a solução. Produzir. Matar o ócio com o ato de produzir algo de bom pra mim.