Um dia de domingo

Grama, sol, criançada, bola, sombra e insetos simpáticos.

Festa

Luzes com papel celofane colorido transformam qualquer lugar em festa.

Domingo com tinta, gordinha, grafite, bunda, chuva e papelão

Era umas três horas da tarde. O céu estava azul cinzento e o ambiente abafado. Aconteceu a finalização da decoração do novo espaço do ralf. Grafites embelezaram o espaço com suas cores vivas no fundo preto das escadas e do ralf. Churrasquinho, cheiro de tinta fresca e música ambiente. Garrafas pet feitas de copo. Refri dos mais baratos; aguados e refrescantes com o gelo da caixa de isopor para a meia duzia de cerveja.

O que mais me chamou a atenção foi o homem que chegou com 5 crianças. Chegaram com folhas de papelão e garrafas d'água. Ele sentou e as crianças correram para o ralf. Escorregar sobre o papelão naquele lugar foi incrível. Sem o papelão então, emocionante. Rasgar a bermuda jeans era só um mínimo detalhe diante de tanta emoção. A garotinha de 2 anos foi a maior atração. O homem com brilhos nos olhos observava-a a cada movimento. E ele não se conteve e logo disse ( com emoção) "Minha gordinhaaaaaaa.... Eu te amo!!! Diga que me ama?!" E ela com a carinha inocente e sincera sorriu e perguntou inúmeras vezes: "queeeeee?!". E corria em direção ao papai, sim, o homem.

As crianças não satisfeitas com o concreto transformado em ralf, correram para a grama e lá rolaram. O homem rindo dizia: "vocês vão ficar com coceira" e as crianças:"Depois a gente toma banho tiiiio..."

Diante de tanto divertimento; para refrescar a tarde, chegou a chuva. Chuva de primavera/ verão!!! E aconteceu algo inesperado. Os garotos do grafite correram para o campo de areia para jogar bola. A cada gol, era uma bunda à mostra. O homem olhou para o céu e agradeceu pela chuva.. Abriu a boca e deixou cada pingo encostar na língua e nos dentes separados. Já as crianças, se esconderam embaixo das mesas de ping-pong. O homem que não brincou de escorregar e nem de rolar, disse surpreso: "Heyyy, vamos embora na chuva?? É tão gostoso! ". "Nãaaaaaaao tio.... o raio pode matar...melhor a gente se esconder".

Vai entender essa criançada.

Ganha pão

Domingo ensolarado no Parque vazio. Lá estava seu Juvêncio. Se divertindo com suas músicas populares; Lampião dançando conforme a música sobre o guarda-chuva e Maria Bunita ali ao seu lado, cuidando das moedas.

Final feliz

Manhã quente naquela quarta-feira de dezembro. A rodoviária estava mesmo com cara de meio de semana. Pessoas de diferentes rostos, cores, roupas, tamanhos e classes passavam por lá pensando em suas próprias vidas. Na parte de embarque havia um banco com um pé menor que o outro, e nele, estava sentado o rapaz solitário. Olhar parado no horizonte, mãos transpiradas, pés impacientes que faziam o banco se equilibrar naquele lugar. O que será que ele pensava? Quando a moça bonita e perfumada passou, ao invés de segui-la com os olhos como os outros fizeram, ele continuou com o olhar no mesmo lugar, para o nada. Os minutos passaram lentamente, enquanto as pessoas, corriam contra o tempo.

De repente, um ônibus apareceu no horizonte avistado pelo branquelo rapaz. Com os olhos brilhando, ele se levantou e foi até o desembarque. Desceu ali a elegante mulher feliz, o simples senhor com cara de sono, o rapaz com chinelo branco de dedo e por último, ela. Ela que descia como em câmera lenta sorrindo para o rapaz. Foi por ela que ele aguardou ansiosamente aqueles longos minutos naquele banco que só balançava. E então um beijo deram. Um beijo repleto de saudade, ansiedade e verdade. Foi um beijo intenso e um abraço interminável naquele momento especial. Com as mãos entrelaçadas uma na outra, caminharam os dois, até sumir no meio dos outros que passavam por lá pensando nas próprias vidas.